segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
O shedule impossível
1 - Concurso do CEFET-RJ: salário sem-vergonha, mas expectativa de aprovação e exercício rápidos. Prova no Maracanã cancelada em função da desorganização e da baderna generalizada. Sem nova data.
2 - Concurso TRF3-São Paulo: prova de digitação anulada após a interposição de inúmeros recursos. Sem nova data.
3 - Concurso TJ-RJ: prova suspensa depois do cancelamento do concurso da Polícia Rodoviária Federal, que lançou suspeitas de fraude e venda de gabaritos sobre a NCE, organizadora de ambos os certames. Sem nova data.
4 - BNDES: meados de janeiro de 2008.
5 - TST: meados de fevereiro de 2008.
6 - TRT-RJ: entre março e maio
É impressão minha, ou corro o risco de levar um "cano" federal (literalmente) com esses três concursos enrolados? Alguma prova vai acabar acontecendo no mesmo dia da outra. Ônus e bônus da escolha recairão sobre mim. Essa vida de concurseira tá ficando muito emocionante.
domingo, 9 de dezembro de 2007
A fraude - no meio do caminho tinha uma pedra
Há crimes que, fosse eu o constituinte, incluiria nesse inciso tão importante para a segurança do Estado e de seus cidadãos. Chamaria tais crimes de "covardes".
E o que seria um crime covarde?
Aquele que, por sua natureza torpe, torna o ofendido incapaz de recorrer de forma equânime aos seus direitos. Não sou advogada e meu conhecimento de leis é medíocre, restringindo-se tão-somente ao necessário para os concursos públicos, e talvez por isso mesmo me ocorra qualificar algo tão absurdamente corriqueiro em nosso país quanto indício de fraudes nesses certames.
Hoje é domingo, e centenas de milhares de pessoas, Brasil afora, deslocavam-se às suas próprias expensas para Brasília, onde realizariam o tão esperado concurso da Polícia Rodoviária Federal. Um policial rodoviário federal, sabemos nós, ganha bem, mas se expõe a riscos enormes. Está armado e fardado à beira de uma estrada que, muitas vezes, sequer fica próxima de áreas urbanas. Se há ou não corrupção, propina ou coisa que o valha, não é o caso de julgarmos agora. Para desempenhar esse trabalho tão fundamental num país de dimensões grandiosas, onde o transporte de bens de consumo, alimentos e pessoas se faz majoritariamente pela malha rodoviária, homens e mulheres despenderam somas altas em cursos preparatórios, passagens e hospedagem para o primeiro e imprescindível passo da jornada: a prova do concurso público. Enfrentaram caos aéreo, caminhos esburacados e inseguros onde, quem sabe?, um dia poderão estar trabalhando, pediram dinheiro emprestado a amigos, pais e bancos, tudo para materializar a expectativa de um dia ter aquele emprego.
No meio do caminho, ou já cumprido o percurso, a notícia de que todo o esforço de nada tinha valido: a prova da organizadora NCE, tão temida e tão cara, havia "vazado" pelas mãos bem pagas de alguém que não lega nenhuma dignidade à função pública. Voltem pra casa, desarmem seus espíritos, retornem daqui a um mês. Simples assim. Quiseram vir fazer a prova? Problema de vocês! No edital estava claro o local de realização, e que a locomoção ficava por conta do candidato. A regra só não dizia que fraudes aconteceriam.
Não me inscrevi no concurso da Polícia Rodoviária Federal. Tenho consciência das minhas limitações, e sei que viveria menos num trabalho que exige tanto do corpo. Estou, no entanto, a uma semana de outra prova, a do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, realizada pela mesma NCE. Nas comunidades existentes em sites de relacionamentos, leio comentários sobre prováveis fraudes e vendas de gabarito em certames anteriores e futuros da organizadora. Fatos que falam por si só, mas carecem de "provas". Ao fim e ao cabo, reina um cinismo desconcertante, que tudo vê e nada constata. Esse é o grande crime de covardia.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
O vírus
"Levanta dessa cadeira, filha, senão você vai acabar pegando a doença..."
Lembro nitidamente de quando ouvi isso do meu pai, sentada na ante-sala do gabinete dele, brincando na máquina de escrever da secretária. Devia ter uns 8 anos, mas entendi que havia algo de simpático naquela observação feita por um cioso superintendente de empresa federal. A “doença”, ele esclareceu, havia pego assim, quando tinha mais ou menos a minha idade, nas cadeiras da Central do Brasil de Barra do Piraí. Meu avô também o preveniu com as mesmas palavras, mas não tinha mais jeito. Assim como eu, ele já tinha sido contaminado pelo vírus do serviço público.
Sempre disse, com uma pontinha de orgulho, que nasci e vivi pra isso. Cresci vendo meus pais batalharem muito na prestação de serviços de qualidade numa área especialmente árdua: trabalhavam ambos na Dataprev, empresa de processamento de dados da previdência social, que tem o INSS como cliente único e a função importantíssima de processar todos os benefícios do país. Para fazer o trabalho da melhor forma possível, respeitando os interesses e os princípios da administração pública (lembram, concursandos? Legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência!), trabalhavam horas infindáveis, contradizendo os “do contra” que teimam em considerar o funcionalismo uma “moleza”.
Quando entrei na faculdade – adivinhem? – fui estagiar numa fundação de direito público, da estrutura da Secretaria de Cultura do Governo do Estado. Nunca fui tão feliz profissionalmente quanto durante o tempo em que trabalhei sob o lema “Ao povo, em forma de arte”. Eu me sentia em casa.
Estudei em universidade pública, fiz mestrado com bolsa Capes, ocupei cargos de confiança. A idéia de trabalhar na iniciativa privada nunca passou a sério pela minha cabeça; os processos e a atividade do dito “mercado” não me enchem os olhos. Quero o serviço público com toda a vontade, e a batalha dos concursos significa, para mim, mais uma etapa importante do caminho.
E é com esse espírito que inicio esse blog-quase-diário: contar minhas inquietações e êxitos nessa fase cheia de ansiedades e desejos. De quebra, quem sabe, posso ajudar alguém a seguir em frente?