domingo, 10 de agosto de 2008

Reencaminhando

Amigos,

como agora sou colunista fixa do blog O Concurseiro Solitário e os textos que publico lá acabo reproduzindo aqui, peço que leiam minhas colunas no endereço www.concurseirosolitario.blogspot.com.

Só estarei por aqui esporadicamente, falando de experiências concurseiras mais pessoais.

Boa sorte e bons estudos!

sábado, 26 de julho de 2008

Diário de bordo - STF


Quinta-feira, 03/07

Após estudar um pouco no decorrer do dia, à noite fui para o Rio. Levando uma mala enorme, pretendia pegar um táxi da rodoviária até a casa da minha tia, onde iria dormir, mas fui impedida pela profusão de bandalhas, pivetes pedindo dinheiro enquanto me apertavam contra pilastras e que-tais. O ônibus 233, velho conhecido dos meus muitos anos de Tijuca, foi a opção. No meio dessa balbúrdia, senti mais uma vez tristeza profunda pelo caos urbano em que minha cidade se transformou.

Sexta-feira, 04/07

Aproveitei a manhã para tirar dinheiro no banco, comprar frutas e fazer outras coisinhas necessárias para minha viagem. Chovia torrencialmente na velha Tijuca, e precisei de um boa dose de paciência para conviver com algo de que estava afastada havia três meses: o suor incômodo apesar da temperatura mais baixa, conseqüência da altíssima umidade do ar carioca.

Às 16:30, pontualmente, meu ônibus partiu da Novo Rio rumo ao Planalto Central. Seriam 18 horas de estrada, da borda ao centro do país. A minha única preocupação real era se conseguiria dormir durante o trajeto. Da última vez que havia feito essa viagem, tinha passado a noite em claro numa super-balada e apaguei durante mais de 12 horas. Dessa vez, dormira bem demais...

No ônibus, percebi uma quantidade considerável de pessoas que iriam fazer o concurso do STF. Muitos davam uma triscada em suas apostilas, mas havia um grupo que viajou na “cozinha” no mais perfeito clima de oba-oba, inclusive incomodando os outros passageiros – eu inclusa. Sem ter me restado outra alternativa, pus meu MP3 Player no último ponto, saquei o Código de Ética e o Regimento Interno e comecei a lê-los. Foi difícil.

Sábado, 05/07

O ônibus só conseguiu dormir quando os coleguinhas da cozinha resolveram respeitar a Lei do Silêncio. À essa altura, eu já havia perdido o sono. Meus companheiros foram a música, um excelente romance do Coetzee e, claro, o Regimento e o Código de Ética. Consegui tirar um breve cochilo quando o dia já ia amanhecendo nas Minas Gerais.

Cheguei em Brasília totalmente tonta. Quando tirei o celular do bolso, descobri que ele tinha morrido. Mesmo. Não era falta de bateria ou algo do gênero: o meu telefone dera adeus a esse mundo.Redescobri como se ligava a cobrar pra casa, coisa que não fazia desde o advento da telefonia celular, e pedi que meu pai telefonasse pros meus tios. Felizmente eles já estavam saindo de casa pra me buscar.

Fizemos um ótimo almoço na Asa Sul, pertinho do novo apartamento deles. Contente da vida, pude respirar o ar seco de Brasília, que não me enche de sinusite, suor e alergias. Sim, meus caros leitores: eu adoro Brasília. Depois do almoço, tomei um banho renovador, tirei um longo cochilo e ainda tive tempo de rever a parte da matéria que faltava.

Domingo, 06/07

Meu tio me deixou no local de prova bem cedo. Conforme combinado, encontrei com uma grande amiga na porta e ficamos conversando até a hora da prova, que fizemos na mesma sala. Aqui começa a parte “shame on you, Flavia” da história. Na primeira hora da prova de Analista Judiciário, área Administrativa, o sono foi incontrolável e eu dormi – estava muito cansada e, infelizmente, a saúde não permite um café bem forte pra animar o espírito. Mas não me levem a mal: isso já aconteceu outras vezes e não significa qualquer descaso com o concurso. Desde as provas do colégio e do vestibular que o fenômeno sono acontece... e a experiência me diz que não tem jeito. Quando acordo, a energia vem em dobro. Despertei quando o fiscal veio recolher as digitais e fiquei espertíssima. Prova boa de fazer, apesar de traiçoeira nas entrelinhas. Gostaria de ter tido mais tempo pra me preparar. Sobrou tempo no final.

À tarde, depois de almoçar com os tios num restaurante natureba que adoro, fiz em outro prédio a prova de Técnico Judiciário, área Administrativa. Essa estava mais palatável e bem de acordo com o que eu esperava: pesos equilibrados entre as disciplinas. Terminei rapidinho e, pela primeira vez em muitos anos, não esperei liberarem o caderno de provas.

Segunda-feira, 07/07

Dia de curtir a dolce vita brasiliense. Rapaz, como gosto de Brasília! Meus tios estão lá desde 1970 e criaram raízes: todos os filhos e netos moram na cidade. Isso faz deles as pessoas mais indicadas para responderem todas as minhas dúvidas sobre o way of life da capital federal.

À noite, lanche com os primos e muito bate-papo agradável. Como não poderia deixar de ser, todos são servidores públicos e já passaram um dia pela estrada em que nós, concurseiros, caminhamos agora. Posso dizer sem medo de errar que eles são um grande estímulo para persistir na batalha.

Terça-feira, 08/07

Almoço leve e, à tarde, hora de voltar pra casa. Viagem tranqüila, sem maiores problemas.

Quarta-feira, 09/07

Cheguei ao Rio pela manhã e na rodoviária mesmo peguei um ônibus pra Teresópolis. Durante a semana, só “soltando a musculatura”: muitos DVDs e voltinhas despretensiosas pela cidade. Amanhã volto ao velho pique; apesar de não ter nenhum concurso agendado, sei que alguns sairão em breve e preciso organizar os estudos.



É isso! Boa sorte e bons estudos!

Pondo o assunto em dia

Amigos: hoje começo a atualizar o blog. Espero que gostem!

domingo, 29 de junho de 2008

O calcanhar de Aquiles


Não sei se vocês correspondem a esse padrão, mas tenho observado que todo concursando tem pelo menos uma matéria que não o deixa em paz. Quando a vê em algum edital, já pensa seriamente em deixar pra lá e nem fazer inscrição – é o seu “calcanhar de Aquiles”. Pela considerável experiência que venho adquirindo em concursos, pude ver, também, que para grande parte dos concurseiros o bicho-papão chama-se Português, Redação, Raciocínio Lógico-Quantitativo ou Matemática. Mal saberia contabilizar quantos advogados já vi reclamando de ter que estudar matérias de Ciências Exatas em concursos pra Técnico ou Analista Judiciário, mas certamente esses não foram mais numerosos do que os concurseiros egressos das mais diferentes áreas que demostraram um medo enorme de enfrentar a composição de um texto. Se fosse inimiga dos companheiros de estrada, daria risinhos malévolos; pra mim, essas três disciplinas são sinônimos de uns bons pontinhos garantidos. Mas o fato é que eu também tenho o meu “calcanhar de Aquiles”.

Quem assombra meus sonhos de aprovação é o Boi-Direito Processual-Tatá. Por mais que eu invente mil formas diferentes de memorizar os benditos ditames do Processo Civil e do Processo Penal, eles sempre me pegam na esquina. Acho os termos do “juridiquês” dessa área insondáveis; os prazos e atos, confusos. Com as repetidas tentativas improlíficas de bons resultados nessas disciplinas, acabo desanimando e deixando pra lá. Até algum tempo não havia feito muita diferença, contudo há pouco deixei de conseguir uma aprovação interessante por não ter conseguido os 50% em Processo Civil e Penal. Acendeu a luz vermelha: tem que haver solução. Mas... como sanar problemas do gênero?

Acredito que uma forma interessante de neutralizar esse problema é entender onde ele começa. Se você está enfrentando dificuldades para aprender algo novo, ainda que seja um concurseiro inteligente e loquaz, a dificuldade certamente reside no desconhecimento dos métodos para estudar a matéria. Apesar de acreditar no estudo solitário e individual, nesse momento eu capitulo e assumo que a melhor forma de resolver o impasse é ter aulas com um professor que conheça a matéria profundamente. Não vejo outro jeito. Ele vai te dar o “caminho das pedras”, e tudo ficará mais fácil. Pense bem nessa possibilidade; pode ser que um único módulo num cursinho possa resolver uma grande dor de cabeça. Concurseiro de verdade tem que matar um leão por dia, mas quando mandamos para o passado um monstrengo que nos amedronta... tudo fica mais leve!

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Sobre a arte da “colegação”

Sim: a palavra entre aspas do título não existe; é um neologismo criado pelas minhas colegas de faculdade. Éramos da área de Arte e Cultura, meio em que fazer contatos é fundamental para um bom desempenho na carreira. Quando nos referíamos, pois, a duas pessoas que não se conheciam, ou se conheciam pouco, e estavam entretidas num papo animadíssimo (geralmente num evento), dizíamos que elas estavam “colegando”. Uma frivolidade típica do nosso ambiente sócio-profissional.

Espero não decepcionar os amigos que sempre param por aqui para ler a coluna, mas o fato é que eu não sou sempre “colegante”. Claro que puxo conversa em fila de banco e de supermercado, mas quando não estou numa “lua interativa”, costumo ser bem séria à primeira vista. Só me desarmo rapidamente quando vejo que converso com alguém que vale a pena papear.

Agora, imaginem a seguinte situação.

Dormi absurdamente mal na madrugada do último domingo, e acordei antes das 6 para partir em direção a mais um concurso. Chovia que era um horror no Rio, um clima chato demais. Calculei mal o tempo e cheguei muito cedo no local de prova, o que resultou numa longa hora em pé, debaixo de uma marquise, esperando os portões abrirem. Neste ínterim, aparece uma criatura do meu lado doida para “colegar” comigo. Ai ai ai. Sono, frio, mau-humor matinal... e alguém me falando que veio de não sei onde fazer prova no Rio, com a maior cara de que estava ali por acaso! Uma maçada, como se dizia no século XIX. A última frase foi uma perguntinha cretina: “Tá animada pra prova?” Respondam-me, por favor: que tipo de pessoa pergunta se você está “animado” pra uma prova? Adjetivos pra concursando, nessas circunstâncias, se resumem a “preparado”, “concentrado” e “tranqüilo”. Ou eu tinha me confundido e estava na porta de uma boate? Uma rave? Não, não estava. Por delicadeza, respondi um “vamos ver” e voltei a minha ensimesmação.

Não demorou para que o candidato a “colegante” provasse que era mesmo um mala-sem-alça. Quando a platéia aumentou, desandou a discursar que, para o cargo a que concorríamos, era preciso apresentar um certificado de curso de não-sei-o-quê no momento da posse. Eu e mais duas pessoas dizíamos que não, e ele insistia de forma azucrinante. Não agüentei e respondi que, bem, se ele achava que era aquilo, ok. É, meus amigos: o “colegante” não tinha lido o edital e não sabia nem pronunciar o nome do cargo a que estava concorrendo. Salvo mau juízo, era uma daquelas figuras que desabam sabe Deus de onde na hora da verdade, entoando o mantra “de repente eu dou uma sorte e passo”.

Sei que estou azedinha hoje, e que a culpa sequer foi exclusiva do candidato a “colegação” (uma “rezadora” na sala de prova contribuiu muito – manja aquelas pessoas que sussurram o que lêem como se rezassem um Pai Nosso?), mas não há nada mais irritante do que se dar conta de que ainda existem pessoas que “brincam” de fazer concurso público. Caramba! Um concurseiro sério, que se vira do avesso pra arcar com os custos dessa corrida, estuda 8 horas por dia, larga emprego ou, pior, trabalha de dia e estuda de madrugada, se sente no mínimo desconfortável quando vê alguém profanando o objeto de sua concentração com tanta desídia. Não que eu nunca tenha feito provas por fazer, pra ver qual é... mas pelo menos tinha a decência de abordar as pessoas de forma a aprender com elas, mostrando minhas impressões com alguma humildade! Agir de outra forma seria ofendê-las.

Peço mil desculpas pelo desabafo, mas tem dia que cansa. Ah, e pelo amor de Deus, não tenham receio de me abordar numa fila de prova: eu sempre guardo um sorriso no bolso pr'aqueles que estão verdadeiramente caminhando na mesma direção que eu!

domingo, 25 de maio de 2008

Os Sete Pecados Capitais do Concurseiro


Estar na batalha dos concursos é uma gangorra emocional. São altos e baixos que nos fazem passar por toda a escala de sentimentos. Como não poderia deixar de ser, essa variação constante nos leva a cometer alguns pecados que podem prejudicar, e muito, nossa trajetória rumo ao sucesso. Vejamos quais são essas faltas, e como podemos driblá-las sem maiores arranhões.

Inveja – quando vemos nossos amigos de infância e de faculdade levando uma vida bacana, trabalhando na iniciativa privada, comprando carro, financiando apartamento, parece que a escolha pelos concursos foi uma inconseqüência. Seres imperfeitos e falíveis que somos, vem o sentimento destrutivo de que poderíamos estar lá no lugar deles, ganhando um salariozinho mediano, viajando uma vez por ano, comendo em restaurantes legais, saindo à noite. Antes de entrar em desespero e começar a se perguntar "Por que cargas d'água tomei a decisão estúpida de sair do mercado??!!", lembre-se de que a prosperidade no setor privado é relativa e falível. O mesmo amigo que hoje você vê na crista da onda corre o risco de estar em péssimos lençóis segunda-feira de manhã, enquanto os seus esforços para passar no concurso te levarão à mais confortável das vidas profissionais. É melhor esperar mais um pouco pelo carro, a casa e os passeios, e tê-los "até que a morte os separe", ou sair correndo atrás dessas benesses, correndo o risco de perdê-las num momento de revés? Fico com a primeira opção.

Ira – reprovação em concurso é dose pra leão – digo isso de cadeira. Há algo pior do que estudar a beça, colocar-se inteiro dentro de um propósito e levar uma "banda" do destino? Culpamos quem fez a prova ("aqueles malditos venderam os gabaritos!" ou "não acataram os recursos porque são canalhas!"), a família ("também, ninguém me dá força...") e os concurseiros de pára-quedas que caem no dia da prova e, por dominarem melhor a linguagem da organizadora, se dão bem num concurso que não era o foco deles ("isso não é justo com quem se preparou!"). Agora, pára e pensa: de que adianta esmurrar as paredes? O concurso está feito, homologado e já tem até gente sendo chamada... fato consumado! Em vez de esquentar a cabeça com um problema que nem é mais seu, concentre-se no próximo certame. Depois de muito sofrer e remoer, agora adoto a política do "prova feita, prova esquecida": não mexo em mais nada e só passo no site pra ver o resultado final – sem esquecer dos recursos, claro!

Preguiça – tem dia que a gente acorda de manhã e a última coisa que quer é sentar à frente de um livro ou de uma apostila. Tanta coisa mais interessante pra fazer... caminha quente, aquele romance maravilhoso na mesinha de cabeceira, um filme bom pra assistir... ah, eu sofro muito com minha preguiça! Quase sempre tento vencê-la, mas quando não dá mesmo, capitulo e espero a vontade chegar – melhor uma "morfada" eventual do que um estudo improdutivo. Geralmente recupero o pique quando penso seriamente nas coisas boas que cada minuto de dedicação pode render. É infalível.

Soberba – pior do que um concursando pessimista, daqueles que acham todos os concursos concorridíssimos e difíceis de passar, é o "concursando-estrela" - o famoso sabe-tudo. O tipo é bem corriqueiro em sites de relacionamentos e similares: sempre sabe toda a matéria, ridiculariza quem se dispõe a discutir ou fazer perguntas em relação ao edital e passa aos espíritos menos preparados a impressão de que uma vaga do edital já está previamente ocupada por ele. Tornar-se um ser desses é horrível, deprimente. Dificilmente os nomes destas criaturas figuram na lista de aprovados, e é a própria insegurança, além de uma boa dose de deformação de caráter, que os levam a desestimular os concursandos, ou melhor, "inimigos", na sua visão estreita. Ao fim e ao cabo, como pode ser inteligente alguém que comete a burrice de hostilizar e humilhar pessoas com quem, num futuro próximo, pode estar lado a lado, trabalhando? Não caiam na lábia desses pseudo-concurseiros!

Avareza – é fato sabido por todos nós que estudar e fazer concursos públicos custa dinheiro. Não dá nem pra começar sem ter um bom compêndio de leis; a elas, vão se juntando inúmeras apostilas, livros e arquivos de computador. A vida anda cara, os orçamentos estão cada vez mais apertados, entretanto preparar-se na base do 0800 é praticamente impossível. Se você tiver condições mínimas de bancar essa fase, não regateie com valores de passagem, inscrições e outros custos. Prestar provas racionalmente, levando vários fatores em consideração antes de se despencar da beira-mar pra Brasília, por exemplo, faz todo sentido, mas daí a economizar e perder chances vai uma grande distância. No último concurso da CGU, havia uma lista com mais de 1.000 inscrições de hipossuficientes indeferidas por falta de comprovação. É muito!

Gula – todo mundo que caminha na nossa estrada, por mais low profile que seja, está doido pra passar logo num concurso. Quem não quer realizar um sonho que, na esteira, tornará possível a realização de muitos outros? Só que estamos falando de um projeto de médio a longo prazo, com uma série de variáveis que podem adiantar ou atrasar o resultado positivo. Fazer mil concursos ao mesmo tempo vai te levar a estudar insuficientemente para cada um deles, e poderá atrasar seus planos. Veja o lançamento de uma série de editais simultaneamente como uma boa chance de escolher o seu concurso no varejo, em vez de mergulhar de cabeça no atacado. Por outro lado, sou radicalmente contra fazer provas só pra esse ou aquele tipo de cargo. Concurso é oportunidade, e não devemos desperdiçar as que nos parecem interessantes. Focar exclusivamente em concursos com salários astronômicos, pensando em uma conta bancária bem gorda, pode não ser muito produtivo. Planeje sua vida no serviço público de forma racional; depois da primeira nomeação, a tranqüilidade conquistada pode ser a chave das próximas portas...

Luxúria – buscar prazer nas atividades diárias é necessário, mas tornar essa busca uma obsessão pode ter conseqüências desastrosas para um concurseiro. Uma grande parte das pessoas que tentam concursos largaram suas carreiras por motivos bem parecidos: instabilidade, salário baixo, falta de perspectiva. No meio do caminho, por motivos diversos, podemos fraquejar e cair na tentação fácil de retornar à atividade que, em algum momento, nos fez mal a ponto de resolvermos relegá-la ao passado. Conflitos do gênero podem surgir até dentro do universo concurseiro. Essa semana, saiu um concurso que seria "minha cara": cargo de Produtor Cultural da Fundação de Arte de Niterói, exigindo como pré-requisito Graduação Plena em Produção Cultural – não por acaso, eu me formei no único curso do gênero, oferecido pela Universidade Federal Fluminense. Voltar a trabalhar com arte seria muito prazeroso pra mim, mas quando vi o salário oferecido... consegui me apaixonar perdidamente por Direito Constitucional!

P.S.: compus esse texto em BrOffice, o novo programa queridinho das provas de Informática. Aprendam a mexer nele, porque, ao que parece, a tendência é forte.

domingo, 11 de maio de 2008

Estudar até passar?!


Meus caros, devo assumir: tempos atrás, quando ouvia o dito "Pra concurso não se estuda pra passar, e sim até passar", ficava enlouquecida de raiva. Como um projeto de estudo não pode ser para curto prazo, para concluir logo uma decisão tomada?, pensava minha cabeça ansiosa e descompensada. Pra mim, useira e vezeira de quereres e poderes na vida estudantil, passar em concurso era algo que se resolvia de forma mais simples: um cargo, um órgão, uma vontade, e a conseqüente aprovação. Não demorou muito para que eu percebesse a bobagem que pensava – bastaram as primeiras experiências de ausência do nome na lista de aprovados.

Durante um bom tempo, saber essa nova realidade foi, confesso, muito angustiante. Pela primeira vez na vida, teria um projeto de alguns anos – e não seriam alguns anos de alegria, diversão e algum estudo. O período seria bem bruto, com horas e mais horas de leitura, exercícios e memorização, grana curtíssima, dependência tardia dos pais, olhares tortos de parentes e toda a sorte de privações que até então desconhecia. Como agüentar essa barra?

Raciocinando, claro.

Numa rápida retrospectiva, tive a assombrosa percepção de que tudo que viera fácil pra mim, fora embora mais fácil ainda, nada deixando de legado para o lado prático da vida. Ok: sou uma moça razoavelmente inteligente; os empregos, o vestibular, o mestrado e a vaga no doutorado foram bem merecidos, embora pouco suados. A questão é que, dada a facilidade, nem todo o interesse que tinha por essas coisas foi suficiente para fazê-las render bons frutos. Simplesmente passaram por mim, e eu por elas. Com o empenho nos concursos, o buraco é bem mais embaixo. Depois de um ano e alguns meses estudando, já me pego pensando se já é minha hora de passar, ou se não é melhor pra mim penar mais um pouco antes da tão sonhada aprovação. Por mais insano que possa parecer, já penso que quanto mais tempo a vitória demorar pra chegar, mais saborosa será e mais valor lhe darei. Será minha primeira grande conquista avant la lettre.

Sinto que o meu momento está chegando, e é reconfortante ver a sua aproximação. Até a ansiedade vem arrefecendo. Toda a acumulação de experiência e conhecimentos, como diz nosso amigo concurseiro solitário, tem como fim o sucesso. Que paz dá essa sensação de que "estudar até passar" é possível, não mata e sequer faz mal!