sábado, 26 de julho de 2008

Diário de bordo - STF


Quinta-feira, 03/07

Após estudar um pouco no decorrer do dia, à noite fui para o Rio. Levando uma mala enorme, pretendia pegar um táxi da rodoviária até a casa da minha tia, onde iria dormir, mas fui impedida pela profusão de bandalhas, pivetes pedindo dinheiro enquanto me apertavam contra pilastras e que-tais. O ônibus 233, velho conhecido dos meus muitos anos de Tijuca, foi a opção. No meio dessa balbúrdia, senti mais uma vez tristeza profunda pelo caos urbano em que minha cidade se transformou.

Sexta-feira, 04/07

Aproveitei a manhã para tirar dinheiro no banco, comprar frutas e fazer outras coisinhas necessárias para minha viagem. Chovia torrencialmente na velha Tijuca, e precisei de um boa dose de paciência para conviver com algo de que estava afastada havia três meses: o suor incômodo apesar da temperatura mais baixa, conseqüência da altíssima umidade do ar carioca.

Às 16:30, pontualmente, meu ônibus partiu da Novo Rio rumo ao Planalto Central. Seriam 18 horas de estrada, da borda ao centro do país. A minha única preocupação real era se conseguiria dormir durante o trajeto. Da última vez que havia feito essa viagem, tinha passado a noite em claro numa super-balada e apaguei durante mais de 12 horas. Dessa vez, dormira bem demais...

No ônibus, percebi uma quantidade considerável de pessoas que iriam fazer o concurso do STF. Muitos davam uma triscada em suas apostilas, mas havia um grupo que viajou na “cozinha” no mais perfeito clima de oba-oba, inclusive incomodando os outros passageiros – eu inclusa. Sem ter me restado outra alternativa, pus meu MP3 Player no último ponto, saquei o Código de Ética e o Regimento Interno e comecei a lê-los. Foi difícil.

Sábado, 05/07

O ônibus só conseguiu dormir quando os coleguinhas da cozinha resolveram respeitar a Lei do Silêncio. À essa altura, eu já havia perdido o sono. Meus companheiros foram a música, um excelente romance do Coetzee e, claro, o Regimento e o Código de Ética. Consegui tirar um breve cochilo quando o dia já ia amanhecendo nas Minas Gerais.

Cheguei em Brasília totalmente tonta. Quando tirei o celular do bolso, descobri que ele tinha morrido. Mesmo. Não era falta de bateria ou algo do gênero: o meu telefone dera adeus a esse mundo.Redescobri como se ligava a cobrar pra casa, coisa que não fazia desde o advento da telefonia celular, e pedi que meu pai telefonasse pros meus tios. Felizmente eles já estavam saindo de casa pra me buscar.

Fizemos um ótimo almoço na Asa Sul, pertinho do novo apartamento deles. Contente da vida, pude respirar o ar seco de Brasília, que não me enche de sinusite, suor e alergias. Sim, meus caros leitores: eu adoro Brasília. Depois do almoço, tomei um banho renovador, tirei um longo cochilo e ainda tive tempo de rever a parte da matéria que faltava.

Domingo, 06/07

Meu tio me deixou no local de prova bem cedo. Conforme combinado, encontrei com uma grande amiga na porta e ficamos conversando até a hora da prova, que fizemos na mesma sala. Aqui começa a parte “shame on you, Flavia” da história. Na primeira hora da prova de Analista Judiciário, área Administrativa, o sono foi incontrolável e eu dormi – estava muito cansada e, infelizmente, a saúde não permite um café bem forte pra animar o espírito. Mas não me levem a mal: isso já aconteceu outras vezes e não significa qualquer descaso com o concurso. Desde as provas do colégio e do vestibular que o fenômeno sono acontece... e a experiência me diz que não tem jeito. Quando acordo, a energia vem em dobro. Despertei quando o fiscal veio recolher as digitais e fiquei espertíssima. Prova boa de fazer, apesar de traiçoeira nas entrelinhas. Gostaria de ter tido mais tempo pra me preparar. Sobrou tempo no final.

À tarde, depois de almoçar com os tios num restaurante natureba que adoro, fiz em outro prédio a prova de Técnico Judiciário, área Administrativa. Essa estava mais palatável e bem de acordo com o que eu esperava: pesos equilibrados entre as disciplinas. Terminei rapidinho e, pela primeira vez em muitos anos, não esperei liberarem o caderno de provas.

Segunda-feira, 07/07

Dia de curtir a dolce vita brasiliense. Rapaz, como gosto de Brasília! Meus tios estão lá desde 1970 e criaram raízes: todos os filhos e netos moram na cidade. Isso faz deles as pessoas mais indicadas para responderem todas as minhas dúvidas sobre o way of life da capital federal.

À noite, lanche com os primos e muito bate-papo agradável. Como não poderia deixar de ser, todos são servidores públicos e já passaram um dia pela estrada em que nós, concurseiros, caminhamos agora. Posso dizer sem medo de errar que eles são um grande estímulo para persistir na batalha.

Terça-feira, 08/07

Almoço leve e, à tarde, hora de voltar pra casa. Viagem tranqüila, sem maiores problemas.

Quarta-feira, 09/07

Cheguei ao Rio pela manhã e na rodoviária mesmo peguei um ônibus pra Teresópolis. Durante a semana, só “soltando a musculatura”: muitos DVDs e voltinhas despretensiosas pela cidade. Amanhã volto ao velho pique; apesar de não ter nenhum concurso agendado, sei que alguns sairão em breve e preciso organizar os estudos.



É isso! Boa sorte e bons estudos!

Um comentário:

Raquel disse...

Quando fizermos um diário de bordo do STJ será legal, rsrsrs.

Será que nos encontraremos por lá?

beijos,
Raquel