Que vida de concurseiro não é fácil, todos nós estamos cansados de saber. É uma escolha que, muitas das vezes, traz consigo algumas renúncias difíceis. Com o tempo, a gente aprende isso.
Eu não fiz o caminho “clássico” de quem se dedica exclusivamente aos processos seletivos, que é largar o trabalho, esquecer finais de semana e mergulhar de cabeça nos concursos, com todos os seus percalços, frustrações e lances impressionantes. Larguei o dito “mercado” logo depois de me formar, e tentei realizar o sonho de seguir carreira acadêmica. Não conseguia ver bom futuro enquanto trabalhava como contratada numa fundação pública da esfera federal, com a perspectiva de ganhar pouco por quatro anos e, quando acabasse o governo, levar um belo pé no traseiro. Além disso, era subordinada a um chefe que, nomeado para o cargo por ser amigo do presidente da fundação, desconhecia sobejamente a “coisa pública” e me pressionava dia e noite para “tirar processos” com as próprias mãos de órgãos públicos e “levá-los pessoalmente” para a próxima instância em que deveriam transitar. Não havia santo que o convencesse de que isso não era possível. O que se seguiu à minha demissão a pedido foi ainda bem pior: o então presidente acabou exonerado sob uma enxurrada de denúncias de malversação de verbas públicas e investigações do Ministério Público. Não podia mesmo dar certo.
Eu não fiz o caminho “clássico” de quem se dedica exclusivamente aos processos seletivos, que é largar o trabalho, esquecer finais de semana e mergulhar de cabeça nos concursos, com todos os seus percalços, frustrações e lances impressionantes. Larguei o dito “mercado” logo depois de me formar, e tentei realizar o sonho de seguir carreira acadêmica. Não conseguia ver bom futuro enquanto trabalhava como contratada numa fundação pública da esfera federal, com a perspectiva de ganhar pouco por quatro anos e, quando acabasse o governo, levar um belo pé no traseiro. Além disso, era subordinada a um chefe que, nomeado para o cargo por ser amigo do presidente da fundação, desconhecia sobejamente a “coisa pública” e me pressionava dia e noite para “tirar processos” com as próprias mãos de órgãos públicos e “levá-los pessoalmente” para a próxima instância em que deveriam transitar. Não havia santo que o convencesse de que isso não era possível. O que se seguiu à minha demissão a pedido foi ainda bem pior: o então presidente acabou exonerado sob uma enxurrada de denúncias de malversação de verbas públicas e investigações do Ministério Público. Não podia mesmo dar certo.
Cursei o mestrado como bolsista, bonitinha e certinha. Mas não tem jeito, amigos: há sempre um espírito de porco que vai interpelar você, perguntando o porquê de “só estar estudando”, como se isso fosse um demérito , vida fácil ou pura vagabundagem mesmo. Cansa ouvir comentários, saber de fofocas, ver a forma como as pessoas te olham. Virar concurseiro não te coloca numa situação melhor, nem te afasta desse tipo de desconforto. Apesar da minha loooooooonga experiência em conviver com esse tipo de situação, ainda escorrego nessas “cascas de banana” da vida, como se já não bastassem as que estão nas provas. Ok: nem sempre as pessoas fazem por mal, mas de boas intenções, bem sabemos, o inferno está cheio...
Hoje levei mais uma pancada dessas e foi bem ruim, até porque ainda estou me recuperando do “baque” do domingo passado, mas... que se dane! Se pudesse dar uma dica, uma única dica, seria a seguinte: você, que às vezes não tem grana nem pra passagem, que assumiu o risco e o custo emocional de seguir nessa grande aventura pública, é maior que tudo isso. Quando estivermos no cargo que queremos, levando a nossa vida da forma que sonhamos, tudo terá valido a pena. Muito. Só nós saberemos o quanto de suor e lágrimas foi empenhado nessa conquista.
... e fiquemos com as “cascas de banana” das provas, que elas já nos bastam.