"Levanta dessa cadeira, filha, senão você vai acabar pegando a doença..."
Lembro nitidamente de quando ouvi isso do meu pai, sentada na ante-sala do gabinete dele, brincando na máquina de escrever da secretária. Devia ter uns 8 anos, mas entendi que havia algo de simpático naquela observação feita por um cioso superintendente de empresa federal. A “doença”, ele esclareceu, havia pego assim, quando tinha mais ou menos a minha idade, nas cadeiras da Central do Brasil de Barra do Piraí. Meu avô também o preveniu com as mesmas palavras, mas não tinha mais jeito. Assim como eu, ele já tinha sido contaminado pelo vírus do serviço público.
Sempre disse, com uma pontinha de orgulho, que nasci e vivi pra isso. Cresci vendo meus pais batalharem muito na prestação de serviços de qualidade numa área especialmente árdua: trabalhavam ambos na Dataprev, empresa de processamento de dados da previdência social, que tem o INSS como cliente único e a função importantíssima de processar todos os benefícios do país. Para fazer o trabalho da melhor forma possível, respeitando os interesses e os princípios da administração pública (lembram, concursandos? Legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência!), trabalhavam horas infindáveis, contradizendo os “do contra” que teimam em considerar o funcionalismo uma “moleza”.
Quando entrei na faculdade – adivinhem? – fui estagiar numa fundação de direito público, da estrutura da Secretaria de Cultura do Governo do Estado. Nunca fui tão feliz profissionalmente quanto durante o tempo em que trabalhei sob o lema “Ao povo, em forma de arte”. Eu me sentia em casa.
Estudei em universidade pública, fiz mestrado com bolsa Capes, ocupei cargos de confiança. A idéia de trabalhar na iniciativa privada nunca passou a sério pela minha cabeça; os processos e a atividade do dito “mercado” não me enchem os olhos. Quero o serviço público com toda a vontade, e a batalha dos concursos significa, para mim, mais uma etapa importante do caminho.
E é com esse espírito que inicio esse blog-quase-diário: contar minhas inquietações e êxitos nessa fase cheia de ansiedades e desejos. De quebra, quem sabe, posso ajudar alguém a seguir em frente?
2 comentários:
Taí um vírus bom de disseminar!
Tô tentando passar esse vírus pra minha irmã mais nova e pros meus amigos :D
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