domingo, 25 de maio de 2008
Os Sete Pecados Capitais do Concurseiro
Estar na batalha dos concursos é uma gangorra emocional. São altos e baixos que nos fazem passar por toda a escala de sentimentos. Como não poderia deixar de ser, essa variação constante nos leva a cometer alguns pecados que podem prejudicar, e muito, nossa trajetória rumo ao sucesso. Vejamos quais são essas faltas, e como podemos driblá-las sem maiores arranhões.
Inveja – quando vemos nossos amigos de infância e de faculdade levando uma vida bacana, trabalhando na iniciativa privada, comprando carro, financiando apartamento, parece que a escolha pelos concursos foi uma inconseqüência. Seres imperfeitos e falíveis que somos, vem o sentimento destrutivo de que poderíamos estar lá no lugar deles, ganhando um salariozinho mediano, viajando uma vez por ano, comendo em restaurantes legais, saindo à noite. Antes de entrar em desespero e começar a se perguntar "Por que cargas d'água tomei a decisão estúpida de sair do mercado??!!", lembre-se de que a prosperidade no setor privado é relativa e falível. O mesmo amigo que hoje você vê na crista da onda corre o risco de estar em péssimos lençóis segunda-feira de manhã, enquanto os seus esforços para passar no concurso te levarão à mais confortável das vidas profissionais. É melhor esperar mais um pouco pelo carro, a casa e os passeios, e tê-los "até que a morte os separe", ou sair correndo atrás dessas benesses, correndo o risco de perdê-las num momento de revés? Fico com a primeira opção.
Ira – reprovação em concurso é dose pra leão – digo isso de cadeira. Há algo pior do que estudar a beça, colocar-se inteiro dentro de um propósito e levar uma "banda" do destino? Culpamos quem fez a prova ("aqueles malditos venderam os gabaritos!" ou "não acataram os recursos porque são canalhas!"), a família ("também, ninguém me dá força...") e os concurseiros de pára-quedas que caem no dia da prova e, por dominarem melhor a linguagem da organizadora, se dão bem num concurso que não era o foco deles ("isso não é justo com quem se preparou!"). Agora, pára e pensa: de que adianta esmurrar as paredes? O concurso está feito, homologado e já tem até gente sendo chamada... fato consumado! Em vez de esquentar a cabeça com um problema que nem é mais seu, concentre-se no próximo certame. Depois de muito sofrer e remoer, agora adoto a política do "prova feita, prova esquecida": não mexo em mais nada e só passo no site pra ver o resultado final – sem esquecer dos recursos, claro!
Preguiça – tem dia que a gente acorda de manhã e a última coisa que quer é sentar à frente de um livro ou de uma apostila. Tanta coisa mais interessante pra fazer... caminha quente, aquele romance maravilhoso na mesinha de cabeceira, um filme bom pra assistir... ah, eu sofro muito com minha preguiça! Quase sempre tento vencê-la, mas quando não dá mesmo, capitulo e espero a vontade chegar – melhor uma "morfada" eventual do que um estudo improdutivo. Geralmente recupero o pique quando penso seriamente nas coisas boas que cada minuto de dedicação pode render. É infalível.
Soberba – pior do que um concursando pessimista, daqueles que acham todos os concursos concorridíssimos e difíceis de passar, é o "concursando-estrela" - o famoso sabe-tudo. O tipo é bem corriqueiro em sites de relacionamentos e similares: sempre sabe toda a matéria, ridiculariza quem se dispõe a discutir ou fazer perguntas em relação ao edital e passa aos espíritos menos preparados a impressão de que uma vaga do edital já está previamente ocupada por ele. Tornar-se um ser desses é horrível, deprimente. Dificilmente os nomes destas criaturas figuram na lista de aprovados, e é a própria insegurança, além de uma boa dose de deformação de caráter, que os levam a desestimular os concursandos, ou melhor, "inimigos", na sua visão estreita. Ao fim e ao cabo, como pode ser inteligente alguém que comete a burrice de hostilizar e humilhar pessoas com quem, num futuro próximo, pode estar lado a lado, trabalhando? Não caiam na lábia desses pseudo-concurseiros!
Avareza – é fato sabido por todos nós que estudar e fazer concursos públicos custa dinheiro. Não dá nem pra começar sem ter um bom compêndio de leis; a elas, vão se juntando inúmeras apostilas, livros e arquivos de computador. A vida anda cara, os orçamentos estão cada vez mais apertados, entretanto preparar-se na base do 0800 é praticamente impossível. Se você tiver condições mínimas de bancar essa fase, não regateie com valores de passagem, inscrições e outros custos. Prestar provas racionalmente, levando vários fatores em consideração antes de se despencar da beira-mar pra Brasília, por exemplo, faz todo sentido, mas daí a economizar e perder chances vai uma grande distância. No último concurso da CGU, havia uma lista com mais de 1.000 inscrições de hipossuficientes indeferidas por falta de comprovação. É muito!
Gula – todo mundo que caminha na nossa estrada, por mais low profile que seja, está doido pra passar logo num concurso. Quem não quer realizar um sonho que, na esteira, tornará possível a realização de muitos outros? Só que estamos falando de um projeto de médio a longo prazo, com uma série de variáveis que podem adiantar ou atrasar o resultado positivo. Fazer mil concursos ao mesmo tempo vai te levar a estudar insuficientemente para cada um deles, e poderá atrasar seus planos. Veja o lançamento de uma série de editais simultaneamente como uma boa chance de escolher o seu concurso no varejo, em vez de mergulhar de cabeça no atacado. Por outro lado, sou radicalmente contra fazer provas só pra esse ou aquele tipo de cargo. Concurso é oportunidade, e não devemos desperdiçar as que nos parecem interessantes. Focar exclusivamente em concursos com salários astronômicos, pensando em uma conta bancária bem gorda, pode não ser muito produtivo. Planeje sua vida no serviço público de forma racional; depois da primeira nomeação, a tranqüilidade conquistada pode ser a chave das próximas portas...
Luxúria – buscar prazer nas atividades diárias é necessário, mas tornar essa busca uma obsessão pode ter conseqüências desastrosas para um concurseiro. Uma grande parte das pessoas que tentam concursos largaram suas carreiras por motivos bem parecidos: instabilidade, salário baixo, falta de perspectiva. No meio do caminho, por motivos diversos, podemos fraquejar e cair na tentação fácil de retornar à atividade que, em algum momento, nos fez mal a ponto de resolvermos relegá-la ao passado. Conflitos do gênero podem surgir até dentro do universo concurseiro. Essa semana, saiu um concurso que seria "minha cara": cargo de Produtor Cultural da Fundação de Arte de Niterói, exigindo como pré-requisito Graduação Plena em Produção Cultural – não por acaso, eu me formei no único curso do gênero, oferecido pela Universidade Federal Fluminense. Voltar a trabalhar com arte seria muito prazeroso pra mim, mas quando vi o salário oferecido... consegui me apaixonar perdidamente por Direito Constitucional!
P.S.: compus esse texto em BrOffice, o novo programa queridinho das provas de Informática. Aprendam a mexer nele, porque, ao que parece, a tendência é forte.
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2 comentários:
Desses pecados todos o meu "preferido" é sem dúvida a preguiça. Tem dia que dá um desâaaanimo hehe.
Eu tomei uma certa antipatia pelo BrOffice quando tive que trabalhar com ele na PFN, mas tô tentando me readaptar. Tá no edital a gente aprende né?
Bjo
Qto à "inveja", a minha costumava manifestar-se da seguinte forma, sobre o pessoal na iniciativa privada: "ê vida boa, não precisar se preocupar nem se estressar com concurso público nenhum..." *rssssssssss* Mas, com o passar do tempo, aprendi q ninguém está imune msm.
Tb tive q mexer c/ o BrOffice no trabalho - e, acostumada q estava c/ o MS Office, apanhei um pouco (e não era a única; vários colegas reclamavam, tb).
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